O que seu corpo acredita sobre você

Saúde física1 mês atrás14 Visualizações

Você diz que saúde é prioridade. Provavelmente até acredita nisso quando verbaliza. Mas aqui está uma verdade incômoda: seu corpo não escuta o que você diz. Ele não processa suas intenções, seus planos, suas promessas de segunda-feira. Ele lê apenas uma coisa – o que você consistentemente faz. E o que você faz espelha o que você realmente acredita, não o que você diz acreditar.

Durante anos, trabalhei ajudando empresas a construírem suas marcas. E aprendi algo fundamental que levei décadas para aplicar à minha própria vida: há uma diferença brutal entre o que uma organização diz que valoriza e o que ela realmente valoriza. Essa diferença fica clara não no discurso, mas nas ações cotidianas, nas decisões sob pressão, nas prioridades quando recursos são limitados.

O mesmo vale para você e sua saúde. O que seu corpo acredita sobre suas prioridades?

O descompasso entre discurso e ação

Empresas adoram criar declarações elaboradas de missão, visão e valores. Passam meses em reuniões estratégicas, contratam consultores caros, produzem documentos lindos que ficam emoldurados na parede corporativa. “Valorizamos a inovação.” “O cliente é nossa prioridade.” “Pessoas são nosso maior ativo.”

Mas então você observa o dia a dia da empresa. Como decisões reais são tomadas quando há pressão. Onde o dinheiro realmente vai. Como funcionários são tratados quando há conflito entre lucro de curto prazo e bem-estar humano. E frequentemente há descompasso gritante entre o que a empresa diz valorizar e o que ela demonstra valorizar através de ações.

O mercado não é bobo. Clientes percebem essa incoerência. Funcionários sentem na pele. E eventualmente, a verdade sobre o que a empresa realmente acredita fica exposta – não através do discurso oficial, mas através do padrão consistente de comportamentos.

Seu corpo faz exatamente a mesma leitura sobre você.

O que você realmente prioriza

Você diz que saúde é prioridade. Vamos testar isso observando não o que você diz, mas o que você faz consistentemente quando há pressão e escolhas difíceis precisam ser feitas.

Quando você está cansado e há uma refeição saudável que exige preparo versus comida ultraprocessada que é instantânea, qual você escolhe na maioria das vezes? Quando há reunião importante cedo e você não dormiu bem na noite anterior, você cancela a reunião para dormir ou toma mais café e força o corpo? Quando há prazo apertado no trabalho, você protege seu tempo de exercício ou é a primeira coisa que sai do calendário?

Essas decisões cotidianas, repetidas centenas de vezes ao longo de meses e anos, comunicam ao seu corpo uma mensagem clara sobre o que você realmente prioriza. E seu corpo responde de acordo. Não com julgamento moral, mas com consequências biológicas diretas.

Como seu corpo lê suas ações

Seu corpo é extraordinariamente inteligente. Ele não precisa de sua permissão consciente para regular temperatura, digerir alimentos, combater infecções, reparar tecidos. Sistemas complexos operam automaticamente, ajustando-se constantemente às demandas que você impõe através de suas escolhas.

Quando você dorme mal cronicamente, seu corpo lê: “Estamos em situação de emergência constante. Não há tempo para manutenção adequada.” Ele responde elevando cortisol, reduzindo sensibilidade à insulina, comprometendo sistema imunológico, acelerando processos inflamatórios. Não porque ele quer te punir, mas porque está fazendo o melhor possível com as condições que você está criando.

Quando você se alimenta principalmente com ultraprocessados, seu corpo lê: “Nutrientes reais são escassos. Precisamos estocar energia como gordura porque não sabemos quando teremos acesso a comida de verdade novamente.” Ele responde aumentando armazenamento de gordura, reduzindo gasto energético, criando desejos intensos por mais comida densa em calorias. De novo, não por malícia, mas como resposta adaptativa às condições impostas.

Quando você vive sedentário, seu corpo lê: “Movimento não é necessário para sobrevivência. Podemos economizar recursos reduzindo massa muscular e capacidade cardiovascular.” Ele responde atrofiando músculos, reduzindo densidade óssea, comprometendo saúde metabólica. Porque está se adaptando ao ambiente que você está criando.

A coerência que transforma

Agora imagine o oposto. Imagine que suas ações cotidianas comunicassem consistentemente uma mensagem diferente ao seu corpo.

Você dorme oito horas todas as noites, sem negociação. Seu corpo lê: “Há tempo e segurança para fazer manutenção completa. Posso investir em reparação profunda, consolidação de memória, reequilíbrio hormonal.” Ele responde otimizando todos esses processos, sabendo que terá as horas necessárias para completá-los.

Você se alimenta principalmente com comida real – vegetais, proteínas de qualidade, gorduras boas. Seu corpo lê: “Nutrientes são abundantes e previsíveis. Não preciso estocar tudo como gordura. Posso investir em construção muscular, função cerebral otimizada, sistema imunológico robusto.” Ele responde aumentando seu metabolismo, melhorando sua composição corporal, fortalecendo suas defesas.

Você se move regularmente, com variedade e intensidade adequada. Seu corpo lê: “Movimento é parte essencial da vida. Vale a pena manter e até aumentar capacidade física.” Ele responde construindo músculos, fortalecendo ossos, melhorando capacidade cardiovascular, aumentando produção de fatores neurotróficos que mantêm seu cérebro jovem.

Quando há coerência entre o que você diz que valoriza e o que você faz consistentemente, seu corpo responde de forma extraordinária. Não através de força de vontade heroica, mas através de processos biológicos naturais operando nas condições para as quais foram projetados.

Minha própria jornada de incoerência para coerência

Durante anos, vivi descompasso brutal entre discurso e ação. Dizia que saúde era importante enquanto trabalhava dezoito horas por dia. Falava sobre longevidade enquanto dormia cinco horas e comia qualquer coisa disponível. Verbalizava intenção de cuidar melhor de mim “quando as coisas acalmassem”.

Meu corpo leu perfeitamente essa mensagem real, não a verbalizada. E respondeu com sobrepeso severo, hipertensão, pré-diabetes, inflamação crônica, exaustão constante. Ele acreditou no que eu fazia, não no que eu dizia.

A transformação só começou quando finalmente alinhei ações com discurso. Quando passei a priorizar sono não como luxo negociável mas como necessidade não negociável. Quando comecei a tratar alimentação adequada não como recompensa eventual mas como combustível essencial. Quando incorporei movimento não como punição por comer mal mas como celebração de ter um corpo capaz.

Meu corpo leu essa nova mensagem consistente. E respondeu. Peso normalizado. Pressão arterial perfeita. Glicemia ótima. Energia estável. Clareza mental. Em poucos meses, mudanças que eu tinha tentado forçar com “força de vontade” por anos simplesmente aconteceram quando finalmente criei coerência entre o que eu dizia valorizar e o que eu fazia consistentemente.

O convite para você

Olhe honestamente para o padrão de suas ações nos últimos três meses. Não para suas intenções, não para suas promessas, não para o que você planeja fazer “quando começar de verdade”. Para o que você realmente fez, dia após dia, escolha após escolha.

O que essas ações comunicam ao seu corpo sobre suas verdadeiras prioridades? Se seu corpo pudesse falar, o que ele diria que você realmente acredita sobre saúde baseado apenas no que você faz?

A resposta pode ser desconfortável. Mas é o ponto de partida para mudança real. Porque enquanto houver descompasso entre o que você diz e o que você faz, seu corpo continuará respondendo ao que você faz, não ao que você diz.

Crie coerência. Alinhe ações com valores. Deixe que seu corpo leia uma mensagem consistente através dos seus comportamentos cotidianos. E então observe como ele responde quando finalmente acredita que você realmente se importa.

Cuide da sua saúde física. Porque ninguém fará isso por você.

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