
Há apenas duas formas de viver. Você já parou para pensar nisso? É o que separa a humanidade em dois grupos muito diferentes.
Na primeira forma, você é conduzido pelos acontecimentos que moldam as suas atitudes. Age sempre de forma reativa. É guiado pelo acaso, por um conjunto caótico de ocorrências que não controla, apesar de não ter consciência disso. Chama isso genericamente de destino. A sua vida parece predestinada, segue uma linha inflexível, e o resultado será o mesmo por mais que você tente lutar contra.
Na segunda forma, você desperta para um objetivo maior. Tem clareza das suas forças e também das suas deficiências. Traça uma estratégia única para obter o melhor da vida, sempre de forma proativa. Enxerga os desafios e os riscos conscientemente. Age conforme a sua determinação e as suas habilidades. A vida é uma página em branco a ser escrita. E se a tinta é indelével – se você não pode apagar os atos consumados – pode ao menos reescrevê-los, dando-lhes um novo sentido.
Mas aqui está uma pergunta desconfortável: será que você está realmente no segundo grupo, ou apenas acredita que está?
Pense honestamente sobre as decisões importantes que você tomou ao longo da vida. A escolha de carreira, os relacionamentos, onde mora, como gasta o seu tempo, o que valoriza. Quantas dessas escolhas foram genuinamente suas versus quantas você fez porque era o que se esperava de você?
Será que você escolheu a sua profissão ou seguiu o caminho que a família considerava respeitável? Casou porque realmente queria ou porque todos da sua idade estavam casando? Teve filhos porque desejava profundamente ou porque é o que adultos responsáveis fazem? Trabalha setenta horas por semana porque isso te realiza ou porque “sucesso” é definido assim pela sociedade?
Durante aproximadamente cento e cinquenta mil anos de evolução comportamental, os humanos viveram em grupos tribais pequenos onde a conformidade com as expectativas coletivas era criticamente adaptativa. Desviar das normas tribais resultava em ostracismo, que frequentemente significava morte. Então a seleção natural favoreceu intensamente os humanos que internalizavam as expectativas do grupo e sentiam ansiedade profunda ao considerar desobedecê-las.
Você herdou essa programação. Por isso sente um desconforto visceral ao considerar viver de uma forma que decepcione as expectativas – dos pais, do cônjuge, do chefe, da sociedade. Esse desconforto não é necessariamente um sinal de que você está fazendo uma escolha errada. Pode ser apenas um circuito neural ancestral protestando contra o desvio da norma tribal.
Mas você não vive mais na savana onde o ostracismo significava morte. Vive em uma sociedade complexa onde pode reconstruir a vida completamente e encontrar novas tribos que ressoam com os seus valores autênticos. A ansiedade que sente ao considerar isso não é um aviso de perigo real. É apenas programação evolutiva que pode estar obsoleta.
Você faz escolhas, sem dúvida. Mas vale a pena perguntar: serão escolhas realmente livres ou escolhas dentro de um menu pré-selecionado que outros entregaram para você?
Você escolhe entre empregos que todos exigem vender a melhor parte da sua vida por um salário. Escolhe entre relacionamentos que todos seguem o mesmo modelo de monogamia vitalícia. Escolhe entre formas de sucesso que todas medem o valor através do acúmulo material. Escolhe entre estilos de vida que todos assumem que a felicidade vem do consumo.
Talvez você não esteja fazendo escolhas tão livres quanto imagina. Talvez esteja apenas selecionando entre alternativas pré-aprovadas por uma estrutura social que tem interesse em mantê-lo produtivo, consumindo, conformado.
A vida reativa não é apenas sobre deixar os eventos aleatórios determinarem o seu caminho. É também sobre seguir um script social que foi escrito antes de você nascer e que você internalizou tão completamente que nem percebe estar seguindo.
O tempo é o único bem verdadeiramente irrecuperável. O que passou não pode ser revivido. Você não pode tomar novas decisões para fatos consumados. Ninguém volta no tempo.
Todo dia, oitenta e cinco mil pessoas perdem as suas vidas em todo o mundo. Portanto, entre duzentas e trezentas mil outras pessoas perdem os seus entes queridos. Amanhã, outros oitenta e cinco mil morrem. Depois de amanhã, mais oitenta e cinco mil.
Atualmente somos aproximadamente oito bilhões de humanos. Em pouco mais de cem anos, nenhum de nós estará vivo. Nem você, nem eu, nenhum amigo ou familiar. Absolutamente ninguém desses oito bilhões estará respirando, compartilhando a atmosfera.
Os budistas chamam isso de impermanência – o fato inevitável da nossa finitude. E por mais longa que a vida possa parecer quando você é jovem, ela passa. Rápido. Como um sopro no tempo infinito do universo.
Se ela passar na conformidade, na falta de propósito próprio, terá sido desperdiçada. Você pode morrer sem ter vivido a sua própria vida. Pode morrer tendo vivido a vida que outros desenharam para você.
Observe honestamente como você gasta os seus dias. Quanto tempo dedica a objetivos puramente profissionais, carreirísticos, a conquistas de status que não significam nada para você pessoalmente? Quanto tempo investe em acúmulo material que não te satisfaz além do momento da aquisição? Quanto tempo gasta mantendo relacionamentos superficiais porque é socialmente esperado? Quanto tempo perde em entretenimento passivo que te anestesia sem te realizar?
Talvez você justifique isso dizendo que está construindo segurança para o futuro, que está sendo responsável, que está fazendo o que deve. Mas vale perguntar: segurança para o futuro com que objetivo? Para eventualmente viver uma vida autêntica ou para continuar vivendo uma vida inautêntica com mais conforto?
Durante o paleolítico, o acúmulo de recursos era adaptativamente valioso porque a escassez era real e constante. Estocar gordura corporal, acumular alimentos quando disponíveis, buscar segurança dentro do grupo tribal pequeno – tudo isso fazia sentido evolutivo.
Mas você não vive em um ambiente de escassez real. Vive em uma sociedade de abundância onde continua operando em modo de acumulação compulsiva não porque precisa, mas porque o circuito ancestral não sabe desligar. Então você pode estar desperdiçando décadas perseguindo uma segurança que nunca se sente suficiente, acumulando recursos que nunca usa, construindo uma carreira que não te realiza.
E o tempo passa. Irreversivelmente.
Você sabe intelectualmente que vai morrer. Mas provavelmente não sente visceralmente a urgência disso. Então adia. Adia escolher uma vida mais autêntica para quando tiver mais segurança. Adia perseguir o que realmente importa para quando se aposentar. Adia ser quem realmente é para quando as circunstâncias forem mais favoráveis.
Mas as circunstâncias raramente se tornam favoráveis. Sempre haverá uma razão para adiar. Sempre haverá uma obrigação que parece mais urgente do que viver a própria vida.
Aqui está o que vale considerar: as pessoas que morrem hoje não achavam que seria hoje. Oitenta e cinco mil pessoas acordaram esta manhã pensando que tinham tempo. Não tinham. Você também não sabe quanto tempo tem.
Não estou dizendo isso para assustar. Estou dizendo porque é verdade. E a verdade importa mais do que o conforto.
Se você está no primeiro grupo – vivendo de forma reativa, seguindo um roteiro que outros escreveram – pode mudar. Não é fácil. Exige uma coragem considerável para decepcionar expectativas, para enfrentar a ansiedade que sente ao desviar da norma tribal, para reconstruir a vida do zero se necessário.
Mas vale perguntar: qual é a alternativa? Continuar vivendo a vida de outra pessoa até morrer sem ter vivido a sua?
O primeiro passo é identificar especificamente onde você está seguindo um roteiro alheio versus vivendo autenticamente. Não de forma genérica – de forma específica. Quais aspectos da sua vida atual existem porque você genuinamente escolheu versus porque era esperado?
O segundo passo é decidir deliberadamente o que realmente importa para você. Não o que deveria importar segundo a sociedade, a família, a mídia. O que importa para você quando remove todas as camadas de expectativa externa.
O terceiro passo é começar a mudar a estrutura da vida para alinhar com o que importa. Não eventualmente. Gradualmente, mas começando agora. Porque o tempo está passando e você não sabe quanto tem.
Isso provavelmente vai gerar desconforto. As pessoas vão questionar. Você vai decepcionar algumas expectativas. Vai enfrentar ansiedade. Pode ter que reconstruir relações, talvez a carreira, possivelmente aspectos importantes da vida.
Mas pelo menos será a sua vida.
No final da vida, você olha para trás. Se viveu de forma reativa, seguindo um roteiro que outros escreveram, talvez diga que o destino te guiou, que a vida quis assim, que não poderia ter sido diferente. Pode morrer na conformação.
Se viveu de forma proativa, lutando pelos seus próprios propósitos, pelas suas pretensões, provavelmente chegará a um ponto muito mais elevado de satisfação e realização. Pode morrer sabendo que viveu a sua vida, não a vida de outra pessoa.
Não há neutralidade aqui. Você está escolhendo todos os dias através das suas ações ou omissões. Está construindo uma vida ou outra. E o tempo continua passando independente da escolha que faz.
Oitenta e cinco mil pessoas morrem hoje. Você pode ser uma delas. Ou pode viver mais cinquenta anos. Você não sabe. Ninguém sabe.
O que você sabe é que tem este momento. E uma escolha a fazer. Cuide da sua saúde mental. Porque ninguém fará isso por você.